Aventura: O Mestre de Kung Fu

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Naquela específica manhã de verão, nas ruas de Utakata, quando a cidade ganha vidava com uma energia vibrante. O sol brilhava no céu azul, enquanto uma brisa suave soprava entre os prédios e bosques. As ruas estavam repletas de pessoas, cada uma cuidando de suas vidas e lidando com os seus problemas do dia a dia. O som era constante, era um coro de conversas simultâneas, desde comerciantes anunciando seus preços até risadas de conversas mais informais.

Em meio a todo este caos, Nara, uma jovem aprendiz de artes marciais caminhava pela cidade de Utakata. Com ela, uma carta ornamentada deixada como legado por seu pai, um ex-vassalo dos Kazuki, naquela carta continha um selo oficial do clã com um pedido de indicação a algum dojo da província, permitindo com que ela pudesse aprender em qualquer dojo na cidade, com privilégios de um membro oficial de uma família vassala.

Nara ainda estava indecisa, passeando numa praça no centro da cidade. Havia tantos dojos em Utakata que ela não sabia ao certo qual conhecer primeiro. Sentada num banco da praça, ela repousava sob a luz do sol.

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Buscando em sua memória, Nara tentava se recordar de alguma menção específica a algum dojo mas nada lhe vinha na sua mente, ela lembrava de alguns comentários sobre a variedade enorme de dojos na província, porém, nenhuma recomendação específica. Foi então que ela observou uma espécie de muro entre duas casas ali no centro.

Ao se aproximar do muro ela reparou a presença de um enorme cartaz "Dojo Sakazaki" ele anunciava em letras garrafais, logo abaixo uma descrição do dojo de renome com uma enorme lista de aprendizes, todos aprendizes de Kyoshiro Sakazaki Na parte inferior do cartaz do Dojo Sakazaki havia sete emblemas que pareciam ser destacáveis, além da marca de outros cinco, abaixo de cada emblema um texto "Traga um desses para um desconto especial". Ao lado do cartaz, havia um segundo cartaz, menor e mais humilde. Uma folha pendurada escrito "Dojo do Handa" e logo abaixo "Em busca de alunos".

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Levada completamente pela curiosidade e não pela estratégia de mercado do incrível mestre Sakazaki, Nara decidiu seguir a indicação de endereço do cartaz menor. Sem nem ao menos levar um selo de desconto do dojo Sakazaki como segunda opção.

No caminho do endereço mencionado, Nara passou por uma avenida que cruzava dois grandes bairros da cidade. O centro e a Alameda Yukimori, ao leste do vilarejo. Por ali ela estava caminhando, com certa pressa, até se deparar com um grupo de três jovens, eles vinham andando e pareciam conversar alguma coisa – Eu hein, aquele cara é estranho – Até parece que a gente vai aprender com ele – O mestre Sakazaki é bem melhor mesmo! –

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Ignorando completamente os comentários indelicados dos jovens que passaram pela avenida, a jovem Nara seguiu firme na direção da Alameda Yukimori, o bairro ao leste de Utakata. Logo de cara ela percebeu o nível elevado das residências naquele local. Toda casa era grande e espaçosa, com grandes jardins e muitos estandartes de clãs de importância como a família Akame, Nobusuke e Kazuki.

Numa área mais afastada, ela seguiu por uma longa estrada de terra até encontrar um grande Dojo. Suas portas estavam abertas e o pátio vazio. Parecia um pouco desolado e Nara até se questionou se era o local correto, mas a placa acima do arco da entrada nomeava o local precisamente "Dojo do Handa".

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Nara estava caminhando na direção do Dojo. Ela passou pelo portão e caminhou pela propriedade até subir pelo degrau para a porta de entrada. Sua voz ecoou conforme ela tirava seus calçados e passava pela porta de entrada. O Dojo estava vazio, não havia uma alma viva presente. Ela achou que de fato estava vazio, até ouvir o som de um movimento suave nos fundos do dojo.

O vulto se movia ao lado de três bonecos mudjong, ele estava de olhos fechados, desferia golpes sem tocar os bonecos. Não usava o impulso do corpo, mas sim a suavidade de movimentos que pareciam ser mais uma dança do que um estilo de combate. O estranho que praticava sozinho, desferia uma série de golpes contra os bonecos, palmadas, socos, cotoveladas e de vez em quando chutes.

Foi somente com um salto final, virando de costas para os bonecos e direcionando a base de suas mãos através de seu Saika Tandem (o ponto abaixo do umbigo) como se estivesse dissipando a energia em seu corpo que todos os bonecos se partiram em vários pedaços.

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Uma voz me pegou desprevenido depois de minha sessão de treino matinal. Tamanho foi o susto que eu escorreguei e meti a testa no chão. PLOFT o som foi tipo esse. "Será que é mais alguém vindo reclamar?" eu pensei antes de me levantar, apoiando as duas mãos no chão e erguendo o rosto com os olhos cerrados. "Uma garota? Não me lembro dessa, será que eu ofendi algum conhecido dela?" havia muitos questionamentos em minha cabeça, mas apenas me levantei e com um pigarro, tossi, com a mão em frente ao rosto.

– Muito obrigado, senhorita...? – não sabia seu nome, precisei improvisar pra tentar lembrar se era algum problema de verdade.

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"Uma carta? Essa é nova, ela não sabe que tem taxa de inscrição?" fiquei pensativo, mas sem demonstrar muito, vai que ela conseguia ler minha mente. De qualquer forma peguei a carta e senti o meu rosto empalidecer, engoli seco. "O selo do Titio?" não entendi como aquilo era possível, mas tive feixes de memórias do nome Ichikawa e comecei a compreender. Eu acho que eu fiquei tão pasmo que esqueci de respirar e comecei a tossir, depois de engasgar com saliva.

– Perdão, acredito que eu não deva aceitar – devolvi a carta em suas mãos, ela não fazia ideia do que aquele selo significava para mim, mas não era culpa dela – Aposto que o Sakazaki-sensei ficaria feliz em recebê-la como aluna –

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"Droga... O que eu falo pra ela?" a situação se complicou bem rápido, eu definitivamente não sabia como lidar com aquela situação. Em minha cabeça só se passava todos os possíveis alunos do último ano, os quais eu tentei convencer de que deveriam aprender comigo e naquele momento eu deveria fazer o contrário com quem poderia ser meu primeiro aluno. Que Situação Ruim!!!

– Não é pelo dinheiro – cruzei os braços e fechei os olhos, será que eu deveria explicar? – Talvez você não saiba, mas meu nome é Kazuki Handa - Entretanto! Fui... excomungado de meu clã, não sou mais um membro honorável da família. Por este motivo, aceitar uma aluna com um selo de prestígio de meu clã seria uma ofensa ao Lorde Kazuki Yamamoto –

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"Ótimo, depois essa ela com certeza vai entend-" nem consegui terminar meu raciocínio e ela já tinha distorcido todo o meu argumento. Meu queixo caiu, recuei meu corpo e ergui a palma direita como se estivesse perplexo.

– Espera ai! – apontei meu indicador na direção dela – Isso é algum tipo de chantagem? Com essa carta o mestre de Dojo responsável vai ter uma grande honra em aceitar um aprendiz indicado pelo próprio Lorde Kazuki, mas você não está entendendo que não faço mais parte do clã? – sempre que eu falava do assunto minha voz abaixava drasticamente e minha expressão era de tristeza.

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– Você é muito difícil, sabia? – falei com um olhar sério e cansado, estava cansado mesmo, mas ela tinha um ponto "Eu acho". Esfreguei o meio entre minhas sobrancelhas, de olhos fechados e aliviando a tensão daquela conversa.

– Não é isso que eu quis dizer... Mas de toda forma, também não é o caso de Sakazaki vir até aqui, isso nem faz sentido... – cruzei os braços novamente e a encarei mais uma vez – Por que decidiu vir até aqui? – perguntei.

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"Tive uma ideia" como ela havia se provado determinada, nada mais justo do que eu testar sua determinação. Cruzei os braços e fechei os olhos, como se estivesse me fazendo de difícil. Então bati o punho fechado em minha palma esquerda aberta como se estivesse decidido. Caminhei até os fundos do Dojo e peguei uma Algibeira.

– Tudo bem então, mas antes de te aceitar como minha aluna você deverá passar em alguns testes! – entreguei a Algibeira para a senhorita Nara – Preciso que leve isso até a loja do Doca-san! Diga que eu a enviei! –

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E então após receber o pacote, Nara saiu correndo pela porta de entrada do Dojo. A algibeira tinha um som metálico, mas aquilo não incomodou a jovem aprendiz. Ela seguiu pela rua e foi em direção a avenida que conectava os bairros da região. Que naquele momento do dia estava estranhamente vazio. Ela foi passando pelo centro e indo na direção da Loja do Doca até finalmente encontrar ela, por sorte, estava aberta.

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– Bem vinda! – ao passar pelas sudare (cortinas) que atuavam como porta da loja a voz gentil do velho comerciante ecoou. Logo antes de ele perceber sua visitante e comentar em bom tom – Ora se não é a senhorita Nara! –

– Como posso ajudá-la hoje? – perguntou Doca caminhando até o centro da loja, onde esperou com as mangas do quimono juntas em frente ao corpo.