Aventura: Em Busca Da Luz

"Osamu-chan, OSAMU-CHAN!" Você ouvia e reconhecia os gritos desesperados, com outros misturados de terror de uma das crianças. Apesar da dor latente e naquele momento sem visão, parecia que na verdade o grito estava vindo em sua direção, cada vez mais alto. Sentia que seu corpo não podia se mexer e aquilo, além do nada, lhe dava aflição até que um berro, que você sentia ser do mais profundo desespero foi oque te fez despertar.

Em seu acordar, por um momento, você sentia um leve desespero por não conseguir ver nada a sua volta, como se estivesse com a sensação de seus olhos estarem fechados até que sua adrenalina começou a diminuir e começou a focar em seu próprio corpo. Sentia suas mãos suadas, junto com pouco mais de mais sudorese em sua testa. Lembrava então de sua recente cegueira, que ainda estava em seu caminho de se acostumar, apesar de seus esforços para aquilo já se tornar parte de sua vida, não como um empecilho mas como um combustível a mais para seguir em frente.

Sentia então em suas costas o tronco da árvore que usou de apoio para adormecer por ali. Você percebia que seus sentidos estavam tentando equilibrar a perda de sua visão, tendo o tato mais apurado tanto quanto sua audição. De onde estava, você ouvia um barulho de cintilar de água, como se algo caísse ou simplesmente remexesse no local. Você conseguia decifrar que estava para seu lado esquerdo.

Até então, sua percepção para o horário que acordou não estava ainda totalmente acostumada, não sabendo ao certo que período do dia estava.
 

Após você se levantar com cuidado e utilizando sua lâmina embainhada como apoio, começa a tatear com a mesma pelo chão, seguindo a estrada para esquerda, decidindo ir investigar o som.

Enquanto caminhava, seu apoio ia lhe guiando pelo chão, não indicando nenhum indício de buracos e até mesmo empurrando pequenas pedras que poderia ser um possível empecilho para seus passos. O Sol começou a tocar sua pele, fazendo você sentir uma leve sensação calorosa. E pela posição, sentia essa sensação levemente inclinado para o leste, indicando que estava de manhã, em seu nascente.

Quanto mais chegava perto, você começava a ouvir o barulho que seria de correnteza porém não tão forte. No tatear, você ouve o barulho de água e sentindo uma pequena resistência. Era o dizer que tinha chegado na margem do que parecia até então um rio que seguia o sentido leste, ou a sua direita.

Você ouve novamente o cintilar na água mas dessa vez mais detalhado. Você ouvia como se algo  saísse da agua e voltasse quase no mesmo instante.
 

Osamu seguia até a margem do rio e se preparava para um ataque ao que pensava ser um peixe.

Ao ouvir o barulho novamente mas desta vez mais próximo de onde estava, calculou o tempo de pulo do que seria do animal e conseguiu espetar o que fosse com a lâmina. Com sua mão, sentia então e recebia a confirmação pelo tato que era um peixe, devido suas escamas mais ásperas quando o movimento foi contra elas. Ele até tentou se debater como reação corporal porém logo após 2 segundos, já tinha parado completamente.

Osamu sentia como se a sorte tivesse sorrido pra ele após um longo período, tendo então algo para comer decente por muito tempo vagando sem rumo.


Enquanto isso, Yorokobi enfim chegou a grande cidade de Utakata. Por lá, a caravana se despediu da mesma e seguiu ao seu objetivo, deixando-a no começo da cidade, estando até então com um certo alívio de perigos.

 

Osamu esperava pacientemente alguns segundos quando ouviu o espelho d'agua se quebrar porém ele não se mexeu ao perceber que o barulho era mais adiante ao lago, não conseguindo ir até lá sem nadar. Podia ter sido os tremores de seus pés em contato com a água que espantaram os demais para o meio do lago, fazendo-os buscar recurso em outro canto.

Yorokobi fixava seu objetivo em mente e começava a desbravar a grande cidade que estava em sua visão. Com alguns minutos de caminhada, as pessoas que residiam naquele lugar começavam a aparecer e aumentar em sua vista, mostrando que a cidade era, de fato, bem movimentada. Virando uma esquina e seguindo as maior parte da multidão pelo impulso da curiosidade, ela se encontrava agora em uma rua cheia de tendas, uma espécie de feira. Havia homens, mulheres e até crianças auxiliando as barraquinhas de venda, com a população em peso fazendo suas compras.


 

Na vastidão daquele escuro mundo, Osamu caminhava com sua katana recém-guardada, usando novamente de guia sua bainha pelo caminho de terra. O eco de seus passos reverberando na planície da floresta era abafado pelo canto das cigarras que entoavam a todo vapor. O jovem havia terminado sua pesca, garantindo provisões para o dia. Ele avançou com determinação em direção à espessura das árvores, preparando-se para encontrar um lugar seguro.

Após um pouco do caminhar, ele decidiu adentrar pelo menos ao inicio da floresta, a procura de galhos secos para realização de uma fogueira.

Enquanto isso, Yorokobi adentrava a agitada cidade, sua curiosidade a guiando pelas movimentadas ruas. Com um retrato envelhecido de sua tia nas mãos, ela sabia que a busca estava apenas começando. Diante do comércio fervilhante, a jovem procurava uma figura mais vivida, alguém que pudesse ajudá-la a desvendar os segredos do passado. Após uns minutos de caminhar pela longa rua comercial de Utakata, a jovem observou uma senhora adentrar a um pequeno estabelecimento com vasos de barro com flores espalhados pela porta e pequenas prateleiras.

Chegando mais perto, pôde confirmar oque tinha em mente: Era uma loja de floricultura modesta, podendo observar que naquele momento estava vazia, só com a velha senhora organizando suas plantas e flores diversificadas.