Aventura: A Criança do Lago

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Estava amanhecendo, a viagem havia sido longa e cansativa. A carroça subia lentamente a montanha que se destacava no horizonte em mormaço. Ao longo da viagem passageiros embarcaram e desembarcaram. Entei havia se mantido recluso, enrolado em trapos, um manto velho rasgado e sujo, para evitar olhares para sua pele repleta de pelos, os músculos saltados e marcações em sua pele.

Apesar de tentar manter a discrição, ser um homem com dois metros não o ajudava. O tempo passa e a carroça sobe a última colina até encontrar um portal velho de madeira indicando o nome do vilarejo "Ryonin". Uma vila localizada no topo de uma montanha. Um lugar pacato e simples, com algumas dezenas de casas, campos e pastos.

De longe o viajante podia ouvir o canto dos pássaros e as vozes ecoando dos jovens correndo e brincando, dos comerciantes anunciando os seus preços e o vento batendo nas árvores.

O ponto de parada era uma espécie de pousada e bar para os viajantes. A carroça estacionou no terreno ao lado. O cocheiro desamarrou seu cavalo e esticou as costas, bocejando da longa viagem de 3 dias. Os primeiros quatro passageiros foram descendo até restar apenas você.

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– F-foi uma criatura do lago! – ele gritou, atirando-se no chão de forma a bater com a testa na terra, apoiando as mãos no solo para se curvar diante daquela situação.

– Uma criatura horrível raptou minha filha e o arrastou para dentro da floresta! – conforme ele relatava, lágrimas caiam de seu rosto.

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O velho se levanta para guiar Entei, porém ele fraqueja e cai no chão novamente. O meio yokai percebeu sua canela esquerda com uma mancha avermelhada que não lhe era estranho, um ferimento comum para pessoas de idade.

– Eu vou... Eu vou! Ele estava no lago, não é longe –e tentou se levantar mais uma vez conforme Entei convocava pessoas para o ajudar. Foi então que ele olhou ao redor e viu as pessoas com uma expressão comum para ele. Era um misto de medo, com receio e ao mesmo tempo repúdio.

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Apesar da complacência com o senhor, naquele momento o rancor para com as criaturas mágicas falou mais alto. Todos ignoraram Entei, o desprezaram e mantiveram a distância como se não quisessem ter contato com aquele tipo de gente.

– Oah oah... Eita! – o velhote se surpreendeu com a força de Entei em o levantar e por em cima do ombro. Ignorando os outros ali presentes, ele começou a andar na direção da estrada para fora da cidade. O senhor o guiou adiante por alguns minutos até chegarem numa curva acentuada – Ele veio dali! – apontou para a direita, fora da estrada floresta adentro.

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O velho colocado no chão tinha dificuldades para se locomover. Ele agarra um pedaço de madeira e usa de apoio pois seu pé doía só de encostar no chão. Ele acena positivamente com a cabeça ao ouvir a questão a respeito do local.

– Algum lugar, por ali! – e então o direcionou por um caminho de vegetação alta, conforme foi se arrastando para perto de uma árvore onde apoiou as costas. Entei observou o solo e parecia haver pegadas e marcas de alguém sendo arrastado naquela mesma direção.

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O velho fez menção de que iria se levantar, porém a dor o fez cair mais uma vez. De joelhos naquele instante, com a testa encostando na terra ele só pode dizer uma coisa – Por favor, salve minha filha! – e então Entei começou a andar na direção da floresta, sem o responder após ter a confirmação de que ele não poderia seguir.

O som do rio foi se tornando mais alto conforme o meio-yokai avançava. A floresta densa o permitia ver pouco além de algumas dezenas de metros a frente. Diante da visão do rio, agora a apenas uns vinte metros, Entei procurou com os olhos, mas não encontrou nenhum sinal de criatura.

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Andando pela floresta, buscando a suposta criatura, Entei se mantinha atento como um verdadeiro caçador. Ele não podia esconder sua presença como um pois era demasiado chamativo, mas podia perseguir seu alvo como um. Conforme ele foi andando, olhava em busca do monstro, mas seus olhos acabaram percebendo outra coisa.

Numa árvore muito alta, mas não para ele, sete brotos azuis se destacavam. O que despertou no grandalhão apenas um pensamento "impossível!". Uma fruta saborosa e em um número da sorte? Quais as probabilidades.

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Entei era grande como um armário então com um pequeno salto conseguiu agarrar os que estavam mais altos. Em apenas alguns segundos lá estava ele com o braço repleto de ameixas prontas para serem devoradas. Ele quase conseguiu se esquecer de que estava caçando um Oni enquanto isso. Ao olhar para a esquerda, antes de prosseguir, ele repara numa estranha mancha escura no lago, bem longe e sem muitos detalhes aparentes.

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Os dentes de Entei perfuraram a fina camada de casca que a fruta possuía, rasgando a carne e o bulbo da fruta até encostar em seu caroço. O suco era derramado em sua boca e o açúcar se espalhava ao redor dos dentes e pelas bochechas. O sabor era forte e agradável. Aquelas frutas realmente pareciam estar saborosas.

Entretanto, Entei não estava ali em turismo gastronômico. Estava ali para buscar uma garota desaparecida. Ele guarda as frutas restantes e comece a se aproximar da mancha no lago. A dez metros ele percebeu que a mancha escura na verdade era avermelhada. A cinco metros da margem do lago percebeu que havia alguém caído e seu sangue estava tingindo o centro do lago.

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Com o Tacape em mãos e os olhos aguçados, Entei foi caminhando completamente atento aos seus arredores. Se houvesse alguém ali, ele não se deixaria ser surpreendido. Conforme foi andando na direçaõ do lago, buscava algum indício da presença da criatura.

O lago, estático, pouco a pouco era tingido de vermelho. Não parecia haver mais nada ali além do corpo. Ao se aproximar o bastante para os pés quase tocarem a água ele percebeu que de fato era um corpo na água, ela estava boiando e o sangue se espalhava a alguns metros ao redor de seu corpo.

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A água não dava nem na canela de Entei, era raso, mas para ele era demasiado raro. Sua movimentação sequer era prejudicada com aquele lago de tão raso que era para Entei. Ele caminhou alguns metros até identificar com clareza os longos cabelos molhados e a Yukata colorida encharcada em sangue. Era uma garota e ela estava caída no lago. Mas não havia sinal de criaturas.

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Ao se aproximar do corpo, Entei começou a inspecioná-la. O pulso estava extremamente fraco, ela estava desacordada. Havia várias feridas em seu corpo e delas o sangue se misturava com a água. Ela precisava de atendimento imediato. Enquanto isso, Entei começa a ser afligido com a sensação de quem estava sendo observado, de alguma forma.

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Entei ergueu o corpo da garota e a colocou sobre seu ombro, enquanto o fazia ele foi acometido pela forte sensação de estar sendo observado. Seus olhos percorreram o ambiente com afinco, olhando em todas as direções. Ele olhou em volta, de um lado para o outro e somente quando estava olhando uma segunda vez reparou em algo o encarando na margem ao norte. Aquilo já estava ali? Parado e estático, como uma estátua, o encarando fixamente.

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– Ações: N/D