Aventura: A Criança do Lago

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Estava amanhecendo, a viagem havia sido longa e cansativa. A carroça subia lentamente a montanha que se destacava no horizonte em mormaço. Ao longo da viagem passageiros embarcaram e desembarcaram. Entei havia se mantido recluso, enrolado em trapos, um manto velho rasgado e sujo, para evitar olhares para sua pele repleta de pelos, os músculos saltados e marcações em sua pele.

Apesar de tentar manter a discrição, ser um homem com dois metros não o ajudava. O tempo passa e a carroça sobe a última colina até encontrar um portal velho de madeira indicando o nome do vilarejo "Ryonin". Uma vila localizada no topo de uma montanha. Um lugar pacato e simples, com algumas dezenas de casas, campos e pastos.

De longe o viajante podia ouvir o canto dos pássaros e as vozes ecoando dos jovens correndo e brincando, dos comerciantes anunciando os seus preços e o vento batendo nas árvores.

O ponto de parada era uma espécie de pousada e bar para os viajantes. A carroça estacionou no terreno ao lado. O cocheiro desamarrou seu cavalo e esticou as costas, bocejando da longa viagem de 3 dias. Os primeiros quatro passageiros foram descendo até restar apenas você.

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O cocheiro ouviu uma voz grave e forte enquanto guiava o cavalo para os fundos do estábulo, onde o prenderia numa viga de madeira. Foi então que o dia virou noite e ao se virar um armário lhe encarava. Um homem baixinho daquele porte parecia uma criança ao lado de Entei.

Ele não conseguia não ficar surpreso toda vez que o encarava, o cocheiro olhou para cima e pôs a mão sobre as sobrancelhas para tentar focar sua visão – Hein? – ele perguntou, precisando de um segundo para entender o questionamento do viajante.

– Ah, sim, claro... Já estive aqui antes... É um povoado mercantil que oferece espaços para viajantes e ronins descansarem em suas longas viagens, está ao sul de Utakata e ao norte de todo o resto – depois de falar voltou a amarrar os cavalos.

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– Mas é claro... Te- – falou esganiçado, depois limpou a garganta e retomou sua frase – Tenha um bom dia – ele suspirou, mas Entei não percebeu.

O meio yokai seguiu na direção da estalagem, dando a volta pelo estábulo e passando pela porta. Claro, ele precisou se abaixar pois era exageradamente grande. Todos olharam na sua direção e o silêncio foi constrangedor. Havia uma mesa vaga no fundo, as demais estavam todas ocupadas por pelo menos uma pessoa.

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As pessoas ouviam as palavras de Entei que se apresentava em frente a porta. Apesar de seu tamanho, suas ações foram de certo mais julgadas do que a própria aparência. Cada pessoa em sua mesa simplesmente o ignorou e continuou seus afazeres naquela pacífica manhã.

Somente uma moça que estava de pé caminhando com alguns lenços em sua mãos caminhou até Entei e com uma voz tímida e casta comentou – Por favor, queira se sentar – guiando-o até a mesa baixa aos fundos.

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Após se sentar ao lado da mesa, suas pernas não conseguiam ficar por debaixo dela e você tinha que se afastar, inconvenientemente quase esbarrando no biombo do cliente que estava na mesa ao lado. Ele até cogitou virar para reclamar, mas ao ver o tamanho de Entei abaixou a cabeça e resmungou.

– Em que podemos lhe servir hoje, viajante-dono? – ela perguntou, reverenciando de pé ao lado da mesa e aguardando pela resposta de Entei.

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Ela reverência levemente, olhando para baixo e ouvindo suas palavras. Por um instante ela desviou o olhar franzindo as sobrancelhas com um pouco de vergonha, mas falou ainda assim.

– Perdoe-me a insolência, Entei-dono... Não temos camas do seu tamanho – ela fechou os olhos após dizer, sua voz era mansa e tímida, quase como se tivesse medo de falar em voz alta.

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Meneando negativamente com a cabeça ela dá com os ombros ao mesmo tempo – Receio que não, a menos que não se importe ocm o tamanho – e aquilo fez Entei pensar que ao menos não era o chão duro de uma carroça ou a grama.

Antes de uma resposta ela voltou a falar – Gostaria de algo para comer, Entei-dono? – ainda mantendo sua cabeça abaixada e os olhos cerrados.

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Ainda relutante com toda a situação ela se tocou que não havia dito o preço desde então. A jovem riu e esfregou a parte de trás da cabeça, fazendo uma leve reverência enquanto falava – É verdade, que erro bobo o meu, peço desculpas – e com um sorriso inocente ela encarou Entei.

– São dez moedas de sen pela noite e duas moedas pelo acompanhamento das refeições – depois ela voltou a abaixar a cabeça, aguardando uma resposta. Enquanto isso os clientes iam entrando e outros saindo, os que saiam vinham da passagem aos fundos, coberta por duas cortinas azuis que serviam de porta.

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As moedas caem sobre as mãos da jovem que sorri e agradece com uma reverência exuberante, quase a noventa graus – Muito obrigado por sua generosidade – seu agradecimento era estampado nas ações e nas palavras.

– O vilarejo Ryonin é um lugar tranquilo, moro aqui desde pequena e não tenho muito a dizer, viajantes de todas as partes vem aqui para descansar... Aqui na pousada já tivemos todo tipo de espadachins, dos mais variados tipos, mas nenhum grande como o senhor... Você não me parece um ronin – ela falou olhando para os pés descalços de Entei.

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Ela ri e reverencia – Talvez nós quem sejamos pequenos, fufufu... Obrigada, o último quarto está vago, irei informar ao proprietário-dono – ela reverencia uma segunda vez e se retira caminhando de costas sem chamar muita atenção.

Outros clientes iam indo e vindo, alguns chegavam e todos eram atendidos. Entei permanecia a observar o cenário até ouvir um grito distante – Socorro – o grito havia sido distante o suficiente para os demais não repararem.

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Sem pensar duas vezes Entei se levantou, passou pela porta da estalagem e olhou para os dois lados, porém não viu ninguém. Por um instante ele cogitou estar ouvindo coisas, mas antes que pudesse se mover para dentro do estabelecimento mais uma vez, o grito se repetiu...

– Socorro! – ele gritou e então Entei observou do alto do morro ao oeste do vilarejo uma figura curiosa, um homem, ou melhor... Um senhor de idade vinha correndo – Monstro! Monstro! – ele berrava conforme as pessoas iam se aproximando das janelas e das esquinas das vielas para observar.

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A corrida desesperada do velho ia se fazendo pela estrada principal do vilarejo... As pessoas o encaravam e os mais curiosos se aproximavam para ouvir melhor o que estava acontecendo.

– Socorro! – ele repetia e repetia até se aproximar de Entei, quando ficou paralisado ao ver um homem daquele tamanho – Yokai? Aqui também? Levou a minha filha e agora querem me levar também! Nuncaa! – desesperado ele empunhou uma tanto e partiu na direção de Entei.

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A adaga do velho era facilmente rebatida por Entei, que defendia o golpe e o desarmava. A Tetsubo apoiada no chão fazia um estrondo. O homem cai no chão sentado e todos olham em volta assustados, encarando aquela cena.

– N-não, não me mate! – ele ergue as mãos assustado, implorando pela vida enquanto chorava.