Aventura: Segunda Chance

Misaki sabia que não tinha mais lugar entre os humanos e estava condenada a uma vida de solidão. Ela ainda estava se adaptando à sua nova aparência, já que seus traços demoníacos a tornavam quase irreconhecível à garota que uma vez fora. Apesar de tudo, sua morte lhe trouxe uma oportunidade de se tornar forte e viver uma vida sem se preocupar com o gênero que nasceu. Ela recebeu uma segunda chance de viver, e era melhor não despertiçá-la.

O Sol estava se pondo sobre a densa floresta, tingindo o céu com tons quentes de laranja e vermelho enquanto as sombras alongavam-se entre as árvores altas e a folhagem densa. A garota se encontrava há algumas horas de Utakata, perdida e sem um rumo claro para sua vida. Sua caminhada era tranquila e harmônica, com sons de pássaros cantando, animais pequenos caminhando pela floresta e até o som do fluir das águas de um riacho próximo.

No entanto, caminhando em direção ao norte, ela escutou um som que perturbava tal harmonia. Eram sons que ela conhecia muito bem da época em que ainda era uma guarda de Utakata. Era o som de tumulto humano, vozes carregadas de tensão e urgência. O som de uma luta ecoava na direção norte.

Aqui é a casa dos meus tios. Não é o mesmo lugar que eu ia com minha mãe... ah! Está vendo logo ali? – distante ao horizonte, era possível perceber luzes vindo de alguma moradia. A noite era silenciosa, fora o ocasional barulho de cigarra e... claro, o sino que Misaki estava utilizando.

Meu pai e meu tio costumavam trabalhar juntos, mas parece que o tio Taka se envolveu com as pessoas erradas e trouxe alguns problemas para nós. É por isso que eu quero me tornar um guerreiro honrado! – o garoto falava com determinação, olhando para a lua ao finalizar a frase. Não é porque minha mãe não está aqui que eu devo abandonar esse sonho. Se alguma coisa... eu preciso fazer isso, só assim poderei ter certeza de que ela se orgulharia de mim.

Vocês se aproximavam da casa. Não chegava a ser uma mansão, mas a casa parecia ter um tamanho considerável. Ela era rodeada por um muro alto de parede lisa. A entrada não era desse lado.

Pela primeira vez desde a morte de sua mãe, um sorriso suave surgiu no rosto do garoto. Após a breve conversa, vocês contornaram a casa e encontraram a entrada. No interior do terreno, uma trilha de pedras guiava até a casa, cercada por um pequeno jardim bem cuidado. Não era um cenário particularmente luxuoso, mas irradiava uma sensação de zelo.

No entanto, uma atmosfera estranha pairava no ar. Além do tilintar do sino que acompanhava cada movimento de Misaki, o lugar estava envolto em um silêncio profundo. Haru olhava ao redor, com uma inquietação crescente. Será... será que ele saiu para buscar comida? – ele murmurou, com sua voz carregada de incerteza.

Vocês entram no terreno. Lá de dentro, vocês tinham uma visão mais ampla do local. Havia algum pequeno altar cultuando alguma divindade próximo à casa, além de um poço no canto do terreno, perto do jardim. MIsaki vê o garoto parando de repente por alguns segundos antes de se aproximar da grama e se agachar. Ele parecia apreensivo, ao ponto de até mesmo acabar ignorando a pergunta da Oni.

Misaki se aproximava do garoto e via uma mancha vermelha escura, destoando da grama verde e a terra escura do jardim. É... É... sangue. – ele virava o rosto encarando a Oni, que podia sentir o cheiro. Não apenas era sangue, como era sangue humano fresco. Só a fragância daquele odor metálico era suficiente para lhe fazer salivar.

O garoto ficava aborrecido com a resposta da demônio e continua a encarar a mancha de sangue. Ele era lembrado que apesar de tudo, Misaki era um demônio sem coração. Os passos da Oni ecoam na grama, afogados no tilintar do sino que carregava. Misaki vê que havia uma trilha sutil de sangue que prosseguia contornando a casa, até alcançar uma espécie de armazém. Era uma construção de maneira fechada e com um único quarto.

Misaki avançava com determinação em direção à construção de madeira, seus olhos focados em Haru. No entanto, o sino que ela carregava lhe trazia uma desvantagem, ele revelava sua posição exata para seus inimigos. Enquanto seguia a trilha que ia atrás da casa, um homem vestindo roupas negras surgiu, fincando sua lâmina no torso da Oni. Ele recuava dois metros em seguida, deixando a lâmina fincada em seu torso.

De cima da casa, duas outras figuras também trajadas da mesma vestimenta escura, surgiram, cercando Misaki. Cada uma brandia uma pequena lâmina, apontada para a garota.

Misaki aguentava firme a dor latente em seu torso, movimentando-se para desferir uma estocada no alvo que lhe tinha ferido. A Katana atravessou por completo o peito do ladrão e perfurou seu coração, fazendo sangue jorrar do ferimento, tingindo a lâmina de vermelho. Quem disse que a vingança não era plena provavelmente estava mentindo... porque você se sentia muito bem.

Os outros ladrões encaravam intimidados, mas não é como se fossem fugir agora. O primeiro avançava, brandindo sua Wakizashi em direção à ferida de sua oponente. Um movimento previsível, porém, que foi prontamente bloqueado pela Oni. O outro permanecia a 4M e lançava uma kunai, que acerva a garota em sua cintura. O sino tocava a cada movimento intercalando com os sons de passos e lâminas colidindo, produzindo uma sinfonia assustadoramente harmoniosa.

Misaki procede realizando um corte vertical no torso de seu oponente, abrindo uma fenda profunda na carne do ladrão, chegando a rasgar até alguns de seus órgãos internos. Ele caia morto logo ali e a Oni partia em direção ao último inimigo.

Este, porém, carregava em sua mão uma pequena esfera. Olhando em seus olhos, ele lançou a esfera no chão, criando uma nuvem de fumaça no impacto. A nuvem era branca, com cheiro de pólvora, areia e serragem. Ela cobria completamente a visão da jovem demônio.

O Ladrão foi astuto, mas infelizmente para ele, seu oponente estava a outro patamar. A Oni lançava sua Katana, e por mais que não pudesse enxergar, ela conseguia ouvir a lâmina perfurando a carne do homem, fazendo-o cair no chão momentos depois.

Os três inimigos tinham sido eliminados, mas Misaki ainda não conseguia se sentir segura. A nuvem de fumaça estava começando a se dissipar... era melhor que ela estivesse pronta, porque seu instinto lhe dizia que não tinha acabado por aí.

Misaki avançou até o corpo do ladrão, retirando a Katana tingida de vermelho carmesim de seu peito. Enquanto a lâmina permanecia manchada, sua qualidade permanecia inalterada. À medida que a névoa se dissipava, uma figura encapuzada emergia no cenário, porém, como previa, não se tratava de Haru.

A figura, alta e robusta, empunhava um arco vermelho apontado para a garota. Sua voz, jovial e masculina, ecoava de maneira enigmática com uma provocação. Kekeke... quem diria que eu iria encontrar um Oni por aqui. Por que não brincamos um pouco? O rapaz encapuzado se posicionou perto da entrada, a cerca de 10 metros de distância, pronto para atacar. Felizmente, o ferimento no torso de Misaki parecia ter sido curado de alguma forma. A lâmina ainda estava cravada em sua carne, mas sua ferida havia se regenerado, estancando o sangramento. Isso tornava a dor um pouco mais suportável e permitia que ela continuasse a lutar sem grandes desconfortos.

HP: ???/??? CH: ???/??? PT: ?/?

É uma promessa. – ele murmurou enquanto flecha partiu de suas mãos, perfurando o ar com um estrondo ensurdecedor à medida que acelerava em direção a Misaki. Ela tentou desviar, mas a seta era rápida demais, mesmo para seus reflexos de Oni e o projétil atingiu-a no peito. A garota sentiu a dor penetrante da flecha, e um gemido de dor escapou de seus lábios.

Kekekeke, na mosca! – o homem zombou triunfante, guardando o arco pesado e juntando as mãos em um gesto enigmático. Apesar de seu porte físico imponente, ele era claramente um shinobi e não um simples samurai. Alguém treinado nas artes ninjas certamente seria um oponente formidável e imprevisível. O que estaria ele planejando?

HP: ???/??? CH: ???/??? PT: ?/?

Kekekeke!! – a risada dele se intensificava à medida que ele fazia movimentos estranhos com as mãos. Misaki se aproxima com determinação e desfere um golpe com sua Katana, perfurando o peito de seu oponente.

Ou... foi isso que ela pensou que aconteceria. Quando seu golpe conectou, seu oponente havia desaparecido em uma cortina de fumaça, e em seu lugar, um pote de barro apareceu, sendo partido em centenas de estilhaços. Ora... mas será que você consegue me pegar? – ele zombava novamente, cinco metros atrás da Oni e puxava uma Katana de sua cintura.

Chega de joguinhos... – ele apontava a lâmina em suas mãos para a garota. Sua atitude pareceu mudar de certa forma e seu corpo indicava estar prestes a se mover em direção à Misaki para acertá-la.

HP: ???/??? CH: -80/??? PT: ?/?