Aventura: Trilhas de Mistério

Ato 1: A Fazenda

Haru – Cercanias de Utakata, Manhã

A silhueta do viajante misterioso era única e solitária. Somente o seu longo chapéu cobrindo a Yukata surrada podia ser visto ao longe, refletindo a luz do sol enquanto protegia o seu rosto com uma sombra refrescante. Era Haru, alguns dias após deixar o vilarejo Ryonin, seguindo sua peregrinação para o sul de Utakata, por onde trilhou um longo caminho na encosta de um rio que corria para o norte. Ele seguiu pela estrada durante algumas horas até que uma sensação estranha lhe capturou a atenção. Logo ao lado da estrada, próximo de uma árvore havia uma mancha de sangue na grama.

Era um dia como qualquer outro em minha peregrinação a caminho de Utakata. O Sol lá do alto, radiante e generoso, derramava sua luz sobre a terra, nutrindo a vida com seu brilho acolhedor. Os pássaros cantavam, tecendo uma sinfonia agradável de paz que podia ser escutava quando se vive em união com a natureza. A brisa úmida próxima a rio me trazia memórias boas de infância, quase me convidando a mergulhar na corrente cristalina de tão refrescante que parecia. Pela a primeira vez desde o incidente, eu não estava de mau humor.

Mas a paz não me seria duradoura. O ruído de meus passos cessou e suspirei profundamente diante da mancha de vermelha na grama. Eu poderia passar reto, não era incomum encontrar uma mancha de sangue, mesmo que isolada. Poderia ser de um vestígio de algum animal. Ou de algum desafortunado que tropeçou e se feriu. Não seria nem um pecado ignorar tal situação dadas as circunstâncias. Mas se assim fizesse, eu tinha uma ligeira sensação de que me arrependeria, e meu coração não suportaria mais um arrependimento que fosse.

Olhei em direção ao ambiente em torno da mancha e me desviei da trilha, caminhando em direção à mancha. Manteria-me de pé, próximo à ela, buscando uma visão mais ampla do cenário. Observaria seu tamanho e avaliaria se há alguma mancha adjacente, que parecia levar a algum lugar.

• Ações: Livre

Ato 1: A Fazenda

Haru – Cercanias de Utakata, Manhã

Levado tanto por sua curiosidade quanto seu senso de justiça, Haru se aproximou da mancha de sangue. Ela estava seca, por conta do sol, porém sua coloração forte indicava que era recente. Ele olhou ao redor e percebeu algumas gotas de sangue, seguiam para o oeste, na direção de campos abertos, onde uma fazenda podia ser vista mesmo ao longe, além dos bosques e da grama alta.

Do que estou reclamando? Eu não queria experiência? Bem... está logo aí – balancei a cabeça negativamente, suspirando mais uma vez. Me abaixei, investigando o chão de maneira a analisar por onde a grama parecia ter sido "pisoteada". Dessa maneira eu saberia uma trilha que poderia seguir.

Se foi alguém que fugia às pressas, ou estava sendo perseguida por alguma coisa, não seria uma tarefa difícil.

• Ações: Investigação [17]

Ato 1: A Fazenda

Haru – Cercanias de Utakata, Manhã

Haru começou a investigar o ambiente ao redor, percebendo que de fato havia marcas sutis na grama, indicando uma espécie de rastro que seguia na direção de um bosque, próximo da fazenda. Seguindo por aquela direção, ele começou a sentir um odor muito forte, como se houvesse podre pairando no ambiente. Ele procura com os olhos, porém nada encontra, apenas o cheiro forte presente ao redor.

Eu coloco a mão sobre o nariz, tampando-o. Isso fede mais que os peidos da minha esposa. Deve ser um corpo em putrefação. Procuraria pelo chão se parecia ter alguma área escavada para o enterro de algum corpo. Alguma área que parecesse haver um rastro incomum de terra ou algo similar. Caso contrário, e não tivesse pistas de onde vem tal cheiro, seguiria adiante pela trilha.

• Ações: Livre

Ato 1: A Fazenda

Haru – Cercanias de Utakata, Manhã

Haru olha ao redor, encontrando algumas moitas e arbustos, além de algumas árvores mais próximas, porém não havia nada que indicasse a origem daquele odor estranho. Foi então que ele seguiu pela trilha, caminhando mais adiante até que passava pelas últimas árvores do bosque, conseguindo ver a fazenda mais adiante. Foi quando ele percebeu com sua visão periférica uma mancha escura no solo. Era o corpo de uma espécie de cachorro selvagem, sua garganta estava rasgada, apenas algumas gotas de sangue estavam pingadas no chão ao redor.

Enojado com a criatura que causou tal cena, eu me aproximo, me agachando próximo ao cachorro. Meu primeiro instinto foi rezar por sua alma, abençoando-a em nome dos Kami. Após observar se seu tórax iria se elevar, indício se ainda respirava ou não, começaria minha investigação.

Começaria por analisar sua garganta, tentando discernir o tamanho do ferimento e seu formato, buscando discernir a natureza do que o matou. Olharia então para sua boca, se ela também estava impregnada de sangue, como era comum em conflitos entre animais. Verificaria então tais "algumas gotas", buscando discernir se estavam secas ou se ainda eram frescas. Me era estranho que houvessem tão poucas gotas em uma cena tão violenta.

• Ações: Investigação [14]

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Ato 1: A Fazenda

Haru – Cercanias de Utakata, Manhã

Ao se aproximar do cadáver, Haru percebeu o sangue já seco, respingado no chão e na grama ao redor. Era pouco, não havia o suficiente para que houvesse morrido apenas por conta da ferida. Parecia ser uma mordida, pois haviam duas cavidades grandes onde encaixariam presas de algum tipo de besta carnívora. Ele percebeu também que o animal estava completamente sem sangue, pálido e ressecado. Haru também percebeu que ele não cheirava, apesar do tempo que parecia estar ali, não havia nenhum odor ruim no ambiente.

Em todo o meu conhecimento de criaturas sobrenaturais, não me lembro de ouvir de alguma que suga o sangue de suas presas tal como ocorreu aqui. Ainda mais algum com presas tão grandes. É cedo para conseguir afirmar, mas não parece ser ato de alguma criatura sobrenatural, e sim apenas de uma besta faminta de grande porte.

Ajustei o cordão encrustado com o Cristal Branco, que estava abaixo de minhas vestes. Delicadamente, retirei o cristal e o aproximei da ferida, porém evitando qualquer contato direto. Minha intenção era expor o cristal a qualquer possível fragmento do miasma que normalmente emanava de criaturas malignas, caso o agressor fosse sobrenatural e não uma mera besta. Entretanto, minhas expectativas eram baixas. Fazia isso mais por um desencargo de consciência – Talvez isso não me ajude dessa vez.

Após guardar o cristal novamente nas vestes, me levantaria encarando a fazenda ao horizonte. Parece que terei que seguir adiante se quiser mais respostas

• Ações: Livre

Ato 1: A Fazenda

Haru – Cercanias de Utakata, Manhã

Conforme Haru ergueu o cristal para que o mesmo pudesse "respirar" o ambiente, ele percebeu que de fato havia algum tipo de reação. Ele estava acinzentado, como se uma suave neblina negra permeasse o seu interior, mas era diferente de quando estava na presença dos espíritos que já havia presenciado anteriormente, era algo mais sutil, quase se esmaecendo, como se estivesse apenas farejando algum eco de energia maligna. Ao encarar a fazenda, Haru notou algum tipo de movimentação ao longe, parecia haver alguém trabalhando no campo.

Ergui as sobrancelhas, surpreso de ter dado certo. Então é uma criatura maligna, afinal. – guardei o pingente em minhas vestes, levantando e olhando para o lugar onde tinha o camponês. Uma só pessoa? – estranhei em primeiro momento, tentando avaliar se era uma fazenda grande, que requisitava grande número de operários, ou algo de porte menor. Comecei em direção à fazenda, sem me esconder.

Ao me aproximar, falaria em um tom educado, tentando não assustá-lo. Se houvesse alguma erva que pudesse ser útil para alquimia no caminho, a coletaria.

• Ações: Livre

Ato 1: A Fazenda

Haru – Cercanias de Utakata, Manhã

Haru caminhou despretensiosamente na direção da pessoa. Conforme caminhava atentou-se aos detalhes da fazenda. Era uma casa pequena, o campo não era grande e a horta não era maior do que uma dezena de metros. Não havia animais no campo, apesar de existir um pequeno celeiro ao lado da casa. A pessoa se revelava uma mulher, ou melhor, uma senhora. Ela parecia regar os campos que estavam quase mortos, feios e frágeis. Não havia cercado, então ele conseguiu caminhar até perto da mulher, que o saudou com um baixo e inocente "Olá?".

Após fazer uma saudação educada, pensei em explicar um pouco da situação. Mas como? É possível que o cachorro fosse dela. Como posso introduzir um tópico tão pesado? 'Olá, seu cachorro morreu e tem uma criatura faminta à solta?' Vou parecer maluco. Após alguns segundos de um silêncio desconfortável, abri a boca para falar:

Olá, meu nome é Haru, sou um sacerdote. A senhora teria um momento para ouvir a palavra de Amaterasu? – repliquei com um olhar tranquilo e uma postura ereta.

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Ato 1: A Fazenda

Haru – Cercanias de Utakata, Manhã

Com um semblante entristecido e ao mesmo tempo com um olhar de pena, a senhora abaixou os músculos um pouco decepcionada. Ela olhava para Haru com aquele misto de tristeza e decepção, com uma pitada de pena no final "Desculpe, não temos dinheiro" ela falou, continuando a regar os legumes secos daquela plantação velha.

Minha mãe me deu educação, mas nunca me ensinou a conversar com as pessoas, e é uma habilidade que nunca aprendi. Não se preocupe, não quero dinheiro algum. Na crença que tenho, a presença dos Kami cuida de nós, guia nossos passos e nos envia sinais quando algo está em desequilíbrio.

Fiz uma breve pausa, permitindo que minhas palavras fossem absorvidas, antes de acrescentar. Enquanto caminhava pela estrada, percebi algo que me preocupou. Encontrei um cachorro morto, com seu sangue completamente drenado. Acredito que os Kami me trouxeram para livrar sua fazenda da besta que causou isso. A senhora tem alguma ideia de como isso pode ter acontecido ou se alguém mais por aqui notou algo incomum recentemente?

Olhei nos olhos da senhora. Eu era educado, mas meu corpo se recusava a olhar com pena, e eu mantinha um semblante impassível.

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Ato 1: A Fazenda

Haru – Cercanias de Utakata, Manhã

A mulher aparentava duvidar das palavras de Haru, com incerteza e insegurança estampadas em seu olhar. Porém, por algum motivo desconhecido pelo sacerdote, quiça esperança, ela acenou positivamente com a cabeça. "Acho melhor você falar com o meu marido, por aqui" e então, ela caminhou na direção da morada da fazenda, deixando o regador ao lado da entrada.

Então não é o primeiro ataque da criatura. Assenti com a cabeça, caminhando logo atrás da senhora em silêncio. Manteria-me de olhos abertos procurando por qualquer traço de ataque que poderia ter na fazenda.

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Ato 1: A Fazenda

Haru – Cercanias de Utakata, Manhã

A mulher conduziu Haru pela fazenda até a entrada da cabana, a qual sua porta estava adornada com alguns sinos que tilintavam suavemente com a brisa. Ela entrou primeiro e, em seguida, chamou pelo marido. Após alguns instantes, o homem apareceu diante de Haru. Ele era idoso e sua aparência estava desgastada, mas aparentava inofensivo e entristecido. O velho, com humildade em seu olhar, encarou a Haru com uma voz gentil e sincera perguntando "Como posso ajudá-lo?".

Me apresentei brevemente e expliquei a situação, mantendo uma postura educada e um rosto difícil de ler.
Sou Haru, um sacerdote. Ao acaso, encontrei um cachorro morto com seu sangue drenado nas proximidades. Vim me livrar da besta que causou aquela cena. Presumo que não seja o primeiro ataque da criatura. Há mais informações ou alguém mais notou algo estranho recentemente?

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Ato 1: A Fazenda

Haru – Cercanias de Utakata, Manhã

A pergunta de Haru sobre os misteriosos ataques aos animais despertou uma expressão de pesar no rosto do fazendeiro. Era um assunto que claramente o afetava, algo tão delicado que até mesmo sua esposa agia de forma introspectiva em relação a isso. A atmosfera naquele momento tornou-se tensa, e o fazendeiro parecia estar revivendo os momentos difíceis que haviam afetado sua vida e sua propriedade. "Começou há algumas semanas, no começo era uma galinha ou um porco... Mas com o passar do tempo, qualquer coisa era atacada, a plantação ficou fraca e começou a morrer. Algo de ruim anda por essas terras".

Haru absorvia as palavras vinda do fazendeiro com um pesar. A morte dos animais e da plantação era uma tragédia, mas era oportuno que nenhum dos dois fazendeiros foi uma vítima... por enquanto. Sinto muito por o que vocês tem passado. Algum de vocês dois chegou a ver o culpado ou presenciar algum dos ataques? – o rapaz dizia com educação e fazendo uma expressão dolorida.

Porém, ele não conseguia sentir pena. No fundo do seu coração, um leve ódio começava a crescer, afogando qualquer outro sentimento, por mais que sua voz não deixasse isso evidente. Pela descrição parecia ser uma criatura traiçoeira e inteligente o suficiente para "testar as águas" antes de "mergulhar" na matança indiscriminada. Não seria um trabalho "fácil" como a última vez.

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Ato 1: A Fazenda

Haru – Cercanias de Utakata, Manhã

O fazendeiro compartilhou com Haru informações sobre os ataques misteriosos aos animais em sua fazenda. "Não, é sempre durante a noite... Noutro dia eu sai após ouvir um barulho, mas nosso cavalo já estava morto no celeiro e nenhum sinal da criatura" Ele explicou que os ataques ocorriam durante a noite e que em uma ocasião anterior, quando saiu para investigar um barulho, encontrou seu cavalo morto no celeiro, sem qualquer sinal da criatura responsável pelos ataques.

Deve ser alguma criatura discreta que não gosta da presença humana. Também é noturna, que descansa durante o dia. Mas dada a frequência que ela vem aparecendo, sua casa não pode ser muito longe.

Para não sobrecarregá-lo, faria uma pergunta de cada vez. Assim que ouvisse a resposta, faria a pergunta seguinte. Que tipo de barulho você ouviu? Outra coisa, quanto aos corpos de animais, o que tem feito com eles? Você reparou se a criatura deixou alguma coisa para trás, talvez uma pegada ou outro rastro?

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Ato 1: A Fazenda

Haru – Cercanias de Utakata, Manhã

"Geralmente é o som da madeira sendo quebrada, ou coisas sendo derrubadas, essa coisa não se importa com a bagunça... Eu enterro nos fundos, para os pobres ao menos terem descanso" e por fim, acenou negativamente com a cabeça quando Haru perguntou a respeito de rastros ou pistas que o pudessem levar à criatura. Tudo parecia muito confuso e misterioso para o jovem sacerdote.

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