Aventura: O Lírio Rosa

Enquanto a jovem sacerdotisa observava aquelas crianças, mais perguntas surgiam em sua mente. Quando o segundo garoto se aproximou, imaginou até mesmo que aquelas crianças pudessem ser parentes. Talvez fossem órfãos e vivessem juntos. De qualquer modo, ela permaneceu em silêncio, até a garotinha terminar de se pronunciar.

— Não seria um incômodo levarem um estranho? — apesar da pergunta, Kiriko continuou se deixando levar pela criança.

Graças a recepção calorosa da garotinha, Kiriko já se sentia abraçada pelo pequeno grupo de crianças. Naquele pouco tempo, já se considerava parte dele. Percebendo a cabana ao norte da floresta, pensou que talvez aquela pudesse ser a moradia do indivíduo mencionado pelas crianças.
Refletiu sobre como deveria ser morar no meio daquela floresta, mas guardou todas as perguntas para mais tarde. Naquele momento, ela deveria ajudar a encontrar o “tio”. Quando se aproximaram da gruta, onde a criança disse suspeitar ser o esconderijo, Kiriko praticamente sussurrou para ela. — Entraremos todos juntos?

Kiriko tocou a cabeça da criança, acariciando levemente seu cabelo. Um sorriso surgiu em seu rosto e seus olhos se fecharam vagamente. — Vamos pega-lo de surpresa indo todos juntos! O que vocês acham? — a sacerdotisa ergueu a cabeça e encarou todas as crianças, aguardando pela resposta.

Kiriko começou a estranhar a situação desde o momento em que ouviu um conjunto de crianças cantando. Quando a garotinha soltou a sua mão e todas as crianças correram, ela apenas continuou seguindo-as, porém, em um ritmo mais lento e cauteloso. Com as sobrancelhas franzidas, Kiriko encarava aquela figura desprezível, o ritmo de seu coração acelerou e ela respirou fundo para se manter calma. A jovem sacerdotisa prepara o seu arco e pronta para atirar, mira nos olhos da criatura.

A jovem sacerdotisa sentia suas mãos suarem e tremerem, ela lutava para manter a calma perante a criatura. Fazia muito tempo desde que teve o encontro com o Oni que acabará com sua vida e aquela situação trazia todas as suas lembranças a tona. Sabia que sua presença ainda não havia sido notada e que deveria se aproveitar disso para tomar uma vantagem. Kiriko atirou na direção do olho esquerdo de seu oponente, ainda com as mãos tremendo e fechando os olhos em seguida, como se temesse o resultado de sua ação.

- Arco
Dano: 45
Crítico: +5 Cort.

O ataque funcionou, mas Kiriko não se permitiu relaxar. Estava preocupada com as crianças, e, antes de qualquer coisa, sabia que era necessário acabar com a criatura. A jovem sacerdotisa sussurrou. — Vou lhe derrotar, ser impuro. — suas palavras serviam mais como um conforto para si mesma do que uma ameaça. Concentrando-se com seu arco em mãos, Kiriko se preparava para atacar o ser grotesco com mais uma flecha.

Se surpreendendo com o movimento da flecha atravessando o corpo do espírito, os olhos da jovem se arregalaram. Quando a criatura virou-se em sua direção um frio na espinha a atingiu, mas seu avanço serviu como um desafio para Kiriko. — Não posso desistir agora! — a jovem permaneceu firme, e, acreditando que estava em uma posição segura, se preparou para mais um ataque.

Ao visualizar a flecha perfurando o peito da criatura, um sorriso começou a surgir no rosto de Kiriko, mas ao perceber que seu inimigo não iria parar tão facilmente, seu sorriso tornou-se torto e uma gota de suor escorria de sua testa. — Você precisa morrer… — suas palavras saíram com determinação. Kiriko, começou a puxar a corda de seu arco, e, podia sentir a tensão através de sua postura. Com os dentes cerrados, a jovem disparou mais uma flecha em seu alvo bizarro.

Kiriko tinha fé de que acabaria com o espírito maligno com aquele ataque, mas percebeu que estava completamente enganada quando o mesmo segurou sua flecha como se fosse um brinquedo. Kiriko engoliu em seco e recuou antes de dar o próximo golpe. Podia ouvir as batidas de seu coração, seu nervosismo aumentava, a risada da criatura ecoava em sua cabeça. Quando já estava a uma distância que considerava segura para atirar novamente, a jovem posicionou a flecha no arco e atirou em direção ao espírito.

Tentando encontrar o lado positivo da situação, a garota pensou que a criatura estava cega pelo seu frenesi, e, correndo em direção a Kiriko, ela acabaria se afastando das crianças. A sacerdotisa avançou em direção a saída da caverna, esperando que a criatura continuasse seguindo-a. Sem dar um descanso para si mesma ou para seu oponente, ela posicionou mais uma flecha no arco e atirou rapidamente.

Kiriko estava pronta para dar continuidade aos seus ataques, mas se surpreendeu ao ver a silhueta do espírito desaparecer assim que encontrou a luz do sol. Desajeitada, a garota teve que se equilibrar para não tropeçar devido à reação de surpresa. A sacerdotisa respirou fundo, de modo a encontrar a calmaria para o seu coração. Quando estava com os batimentos cardíacos mais contidos, ela tomou a postura de ataque com o arco e lentamente, adentrou na caverna. Ela precisava verificar o estado das crianças e não poderia fazer isso de guarda baixa.

Em surpresa, ao se aproximar da entrada da caverna, as sobrancelhas de Kiriko se levantaram quando se deparou com os selos e ofudas. Intrigada, ela se perguntava o motivo de não ter visto aquilo antes. Talvez, estivesse distraída demais com as crianças. Curiosa, a jovem se aproximou de modo a verificar o estado dos selos e talismãs. Pensava que, a criatura maligna pudesse ter sido selado ali na caverna e de alguma forma conseguido se libertar.

Kiriko observou atentamente todos os detalhes que indicavam o selamento da criatura na caverna, mas ainda assim, havia algo de errado. Ela acreditava fielmente que as pessoas daquele local corriam perigo, pois, a criatura conseguiu atrair as crianças até aquele lugar de alguma forma. Mesmo que fosse impossível sair da caverna, aquele monstro ainda representava um perigoso naquela região.
A jovem observou sua aljava. Ela já havia gastado seis de suas vinte flechas. Fora suas quatorze flechas restantes, ainda restavam os seus selos de purificação. Ela inspirou o ar profundamente e expirou lentamente, o tempo havia parado e a dúvida martelava os pensamentos da sacerdotisa. Ela teria o suficiente para derrotar a criatura? Era como um teste inicial para sua determinação, e, refletindo sobre aquilo, ela desejou ter o suficiente. Para Kiriko, purificar aquele monstro e trazer a segurança para as pessoas, era o certo a se fazer. Caso viesse a falhar, não seria capaz de completar o seu treinamento.

Determinada, Kiriko colocou seu ofuda entre os dedos anelar e indicador, de forma que o papel ficasse firme e de pé. Ali, no cair da noite, ela começou a realizar uma oração a Amaterasu. — Mesmo ao cair da noite, não temerei. Pois, você está comigo. Amaterasu, me cubra com a sua benção. Abra os meus olhos e ilumine o meu caminho, dê-me forças para continuar avançando em meio aos obstáculos. — Ao terminar de realizar a sua prece, Kiriko rapidamente puxou a adaga prateada.