Missão: Assegurar Armazém

Com o contrato aceito, na manhã do dia seguinte Kiriko e Fujimoto se encontraram aos portões de Utakata, onde um jovem fazendeiro os buscava com sua carroça. A dupla foi guiada por uma nevasca rigida. Não fosse um cobertor velho na caçamba, teriam congelado até chegar no armazém.

Em um posto avançado, perto da fazenda de Seu Fujioka, um enorme armazém se denotava entre a floresta das cercanias de Utakata. Era um armazém robusto, largo e chique também. Durante a viagem, o rapaz explicou que era o lugar mais seguro para armazenar arroz na região, porém bandidos os tem atacado frequentemente e isso tem causado custos exacerbados para o vilarejo.

A carroça seguiu em frente por mais alguns metros até estacionar ao lado do armazém, sob uma área coberta por uma estrutura simples de madeira, reforçada com feixes de feno pendurados para ajudar a isolar o frio. O rapaz desceu da carroça com agilidade, desatando as rédeas dos cavalos. Com gestos firmes, guiou os animais até o estábulo próximo, prendendo-os de maneira cuidadosa.

Kiriko e Fujimoto então desceram da carroça, observando o armazém que se erguia à frente. A construção era robusta, com uma grande porta dupla de madeira na fachada frontal. O rapaz logo voltou ao encontro deles, esfregando vigorosamente as mãos, em uma tentativa de aquecê-las, antes de escondê-las dentro das mangas de seu quimono pesado, uma proteção contra o frio cortante da neve.

"Por aqui, senhorita Kiriko, senhor Fujimoto! Vamos entrar, venham!" — disse ele com entusiasmo, embora sua cordialidade fosse improvisada, típica de alguém acostumado aos costumes simples do campo e pouco familiarizado com as formalidades da cidade.

Com esforço, o rapaz empurrou as grandes portas do armazém, e o trio foi recebido pelo calor ameno do interior. O ar gelado da neve ousava invadir o ambiente, mas a diferença era perceptível, proporcionando um breve alívio ao frio intenso lá fora.

Dentro, o armazém revelava fileiras de prateleiras ocupadas por grandes caixotes de arroz conhecidos como koku. No entanto, quase metade das prateleiras estava vazia, e alguns caixotes caídos no chão estavam rasgados, suas bordas desfiadas e o conteúdo parcialmente espalhado.

"Tivemos muitos ataques recentemente...", comentou o rapaz, sua voz tingida de frustração. Ele fez uma pausa, olhando ao redor com um semblante preocupado. "Como podem ver, os negócios não vão tão bem assim. Vamos falir se não fizermos algo. Precisamos dar fim nesses bandidos..."

Fujimoto observou o armazém com atenção, seus olhos percorrendo os detalhes do ambiente. Ele notou a estrutura simples, mas funcional, e fez questão de avaliar os sinais deixados pelos assaltantes, ou melhor, a ausência deles.

"São ladrões," respondeu o rapaz da fazenda, após um momento de reflexão. "Atacam durante a noite, entram e saem como sombras. Não acho que sejam muitos, pois não deixam marcas nem sinais evidentes..." Ele suspirou, esfregando a nuca enquanto fechava a porta do armazém com um gesto cuidadoso.

Sem perder mais tempo, o jovem começou a caminhar em direção aos fundos, onde uma escada de madeira se destacava contra a penumbra do ambiente, Kiriko e Fujimoto atrás.

Vocês o seguiram, subindo os degraus que rangiam levemente sob o peso de cada passo, até alcançarem o sótão. O espaço era amplo, mas vazio, exceto por algumas vigas expostas e janelas verticais reforçadas com ripas de madeira maciça. O lugar parecia mais um ponto de vigilância do que um armazém.

"Se conseguirmos proteger o que ainda temos," explicou ele, com um olhar preocupado, "podemos sobreviver até a próxima estação sem maiores problemas. Mas, para isso, precisamos deter esses ladrões... hoje."

Ele caminhou até uma das janelas frontais e abriu-a, permitindo que o ar frio da manhã começasse a entrar. Dali, a vista para a estrada em frente ao armazém era clara, revelando o caminho parcialmente iluminado pelo brilho distante da lua refletido na neve.

O jovem encarregado da fazenda andava pelo sótão com passos pesados, o piso rangendo levemente sob seu peso. Enquanto Kiriko e Fujimoto conversavam, ajustando suas estratégias para a noite, o rapaz abriu um pequeno armário encostado em uma das vigas de madeira. De lá, retirou uma chave grande e robusta, o metal frio refletindo a luz pálida que atravessava as janelas estreitas. "Essa aqui tranca a porta lá embaixo", disse ele, erguendo a chave por um instante antes de guardá-la no bolso do quimono. Sua expressão carregava um misto de determinação e frustração. "Mas, sinceramente, eles sempre dão um jeito de entrar, não importa o que façamos." Ele tentou um sorriso, mas este parecia fraco, quase derrotado, antes de desviar o olhar. Caminhou até a escada que levava de volta ao primeiro andar, parando no topo por um instante. "Devem ter algumas roupas quentes em algum lugar por aqui", comentou, apontando vagamente para um canto do sótão. "Se acharem, podem usar, vai ajudar a enfrentar o frio. Mas agora preciso ir." Kiriko analisou o teto, notando que não havia uma outra passagem que não fosse as saídas de ar usadas como janela. No teto havia vigas que compunham a estrutura do telhado.